
- O que tu tá fazendo? – perguntou com ar desinteressado.
- Recolhendo folhas, puxando lenha, pois o inverno está chegando... – respondeu a tigresa.
- E o compadre, tá em casa? – questionou o macaco.
- Ele não está... foi caçar, mas vamos entrando mesmo assim! – insistiu a mulher do tigre.
Então ficaram os dois conversando até que a noite chegou.
Quando anoitece, a mata fica perigosa e poucos animais são corajosos o suficiente para encará-la. Vendo a escuridão, a tigresa convidou:
- Podes dormir aqui. – disse, ajeitando-se para dormir.

- Tem muita pulga aqui onde eu tô deitado, não consigo dormir. E se eu fosse deitar aí perto de você, daí a gente poderia se esquentar – propôs o macaco. A tigresa aceitou.
Quando estavam juntos, o macaco, no escuro, mexia-se muito e tocava-a meio sem querer. E perguntava:
- O que é isso?
- Meu cabelo, meus olhos, meu nariz, meu umbigo... - respondia a mulher do tigre, até que pegaram no sono.
De manhã, quase dia, o macaco escutou os passos do tigre voltando e fugiu às pressas. Apesar da mulher do tigre afirmar que ninguém havia estado ali, o tigre conhecia a linguagem das coisas. Fez uma busca nos arredores e encontrou vários macacos dormindo nas árvores. E, sabedor das línguas, percebeu logo que não era nenhum daqueles que havia estado em sua casa. Continuou a busca por muitos quilômetros até que encontrou seu compadre dormindo de barriga para cima em um galho.
- Foi você que esteve na minha casa, não foi?! – perguntou o tigre.
Tinha sido ele. O tigre sabia mesmo das coisas!
Lenda Kaingang narrada pelo professor kaingang Dorvalino.
Adaptada pelo acadêmico Alex Sandro Maggioni Spindler
e revisada pela Profª. Me. Rosemari Lorenz Martins.
Adaptada pelo acadêmico Alex Sandro Maggioni Spindler
e revisada pela Profª. Me. Rosemari Lorenz Martins.
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